Pe. José Antonio Bertolin, osj
Se a conformidade e docilidade à vontade de Deus foi o caminho que conduziu o Bem-aventurado José Marello para a santidade, uma das balizas mais brilhantes que se colocou ao longo deste seu longo percurso, foi a presença de São José em sua vida constituindo-se como uma constante espiritualidade, a qual aprofundou a sua vida de oração como também enriqueceu de maneira singular o seu apostolado.
O Marello soube individuar na figura de São José aquilo que havia de mais profundo e grande no Carpinteiro de Nazaré, o qual por ser homem justo e humilde, em seu trabalho e conduta de vida, tornou-se grande aos olhos de Deus, vindo a ocupar um lugar único no mistério da encarnação do nosso Salvador. Ciente do inesgotável tesouro encontrado nas lições de vida do Guarda do Redentor, o Marello era convencido que “Precisa tomar as próprias inspirações de São José, que foi na terra o primeiro a cuidar dos interesses de Jesus...” (C 76). De fato, desde quando assumiu a firme resolução de trilhar o caminho de santidade ainda jovem em 1868, tomou São José como seu protetor e a partir ali o seu caminho de santidade foi continuamente sinalado de esforços em conformar suas atitudes na imitação de seu fiel protetor.
Ainda jovem seminarista o Marello teve com o exemplo de São José o qual consagrou sem reservas as suas forças, o seu tempo, as suas inquietações e todos os cuidados aos interesses de Jesus, a preocupação preponderante de colocar dentro de seu itinerário espiritual em primeiro lugar “o serviço de Deus na imitação de São José”. Foi justamente neste pôr-se a serviço de Deus de uma maneira “Josefina” que ele pode embelezar todo o seu ministério sacerdotal e depois episcopal com dedicação completa à pastoral, ao ministério das confissões e da direção espiritual, na disponibilidade total ao seu bispo, Dom Savio, no trabalho árduo de fundação de sua Congregação e no pastoreio da diocese de Acqui. E toda esta disposição e disponibilidade, dedicação e empenho não foi jamais um simples fazer, uma simples soma de forças físicas, intelectuais e nem menos organizativas, mas acima de tudo isso foi uma oferta a Deus na imitação de São José caracterizada sobretudo com o exemplo da humildade, do silêncio e da fidelidade às pequenas coisas como o fez São José, sendo extraordinário nas coisas mais habituais, o que não significava que fazia coisas prodigiosas, mas sim que possuía aquela fé viva que transfigurava a sua existência diária.
Espelhando-nos nos exemplos de vida do Marello nós podemos haurir destes os meios concretos e utilíssimos para a edificação de nossa vida cristã em busca da nossa santificação, pois estes estão condensados de maneira muito singela, mas real da sabedoria evangélica. Esta convicção teve também o nosso Papa quando por ocasião de sua beatificação dirigindo-se aos Oblatos de São José em Asti no dia 25 de setembro de 1993, comparava os exemplos de São José, dedicado aos interesses de Jesus, ao exemplo “humilde, paciente e laborioso” do Marello e assim sintetizava a sua personalidade e a sua espiritualidade; “ Gosto de lembrar a tranqüilidade e a constância, que unidas a sua grande modéstia, Dom Marello soube alimentar em si mediante a oração profunda e incessante. Ele se sentia e vivia como “Oblato”, ou seja, dedicado completamente a Deus, e de Deus dedicado ao povo, para demonstrar com o testemunho, e com a palavra a ternura do Pai Celeste para todos, em particular para com os jovens. É sobre esta base que ele construiu o seu caminho em direção a santidade...”.