BREVE VIDA DE JOSÉ MARELLO
Pe. Mário Pasetti, osj
Postulador Geral
DO NASCIMENTO À ORDENAÇÃO SACERDOTAL
(1844-1868)
1. Nascimento e Família
José Marello nasceu em Turim, aos 26 de dezembro de 1844.
Seu pai, natural de São Martinho Alfieri, era comerciante. Um tipo alegre, delicado, honesto e caridoso. Morreu em 1873.
A mãe, Ana Maria, era natural de Venaria Reale. Pelas suas virtudes, os vizinhos a chamavam de “a santa”. Morreu em 1848 com apenas 24 anos de idade.
Vitório, o único irmão de José, nasceu no ano de 1847. Também ele foi ótima pessoa e por quarenta anos, prefeito de São Martinho Alfieri, onde moravam seus avós.
José foi de temperamento franco, generoso, amável e gentil.
2. Infância em São Martinho Alfieri
Após a morte da esposa, para providenciar uma melhor educação aos filhos, Vicente se transferiu para São Martinho Alfieri (1862). Uma tia, Catarina Secco, foi para os meninos uma segunda mãe.
José, por suas boas qualidades, foi apontado pelo seu pároco Pe. João Battista Torchio como exemplo para os seus colegas, e também recebeu o encargo de ensinar o catecismo. Dizia espontaneamente as orações e servia com grande devoção a Santa Missa. Tinha uma predileção toda particular pelos pobres.
3. Ingresso no Seminário. Crise e Curso Comercial em Turim
Em 1856 José entrou no seminário diocesano de Asti, vestindo logo o hábito clerical, como era em uso naquela época. Conseguia se dar bem em todas as matérias escolares, mas, sobretudo na matemática.
Nas férias de 1862, ao término do curso de Filosofia, decidiu deixar o Seminário. Matriculou-se no Curso Comercial em Turim. O motivo dessa sua decisão foi influenciado seja pela agitada situação política, seja pela impressão desfavorável nele suscitada por parte de alguns padres, como também por uma certa insistência paterna.
Em Turim, José teve uma breve crise afetiva, pois se entusiasmou pelo apostolado humanitário. No fim de 1863 caiu gravemente enfermo de tifo e refletindo sobre o grave perigo espiritual em que se encontrava, fez voto de retornar ao seminário caso recuperasse a saúde. Efetivamente, sarou logo e atribuiu sempre esta graça a uma particular intervenção de Nossa Senhora da Consolação, que atendendo à sua súplica o tinha salvo (Cf. Cartas 5 e 9 sobre o apostolado humanitário)
4. Retorno ao Seminário. Preparação ao Sacerdócio
Mantendo seu voto, José, ainda convalescente, retomou o hábito eclesiástico em fevereiro de 1864, retornando os estudos no seminário.
Durante o curso teológico, depois de um período de forte reflexão para pôr-se de acordo com a sua consciência, impõe a si mesmo um programa de vida e de aperfeiçoamento espiritual em vista da ordenação sacerdotal (Cf. Cartas 3 e 9).
Intui também o valor do princípio da coordenação das forças e por isso acerca-se de ótimos amigos como: Estevão, José Riccio, Egídio Motta, Estevão Rossetti... O Marello era a alma do grupo, tanto no seminário, quanto durante as férias (Cf. C. 8).
Com aqueles clérigos idealizou o seu sacerdócio, como ele mesmo expressa na Carta nº 11: “Renovemos os lindos tempos da Antigüidade, quando o Sacerdócio se mostrava venerando aos povos pela fé vivíssima e pela caridade profunda! São Paulo! Oh! A grande figura típica do Cristianismo.” O Marello continuou a estudar por conta própria os males que assolavam a sociedade de seu tempo, procurando solucioná-los à luz do Evangelho (Cf. Cartas 4, 5, 9, 76).
DA ORDENAÇÃO SACERDOTAL À NOMEAÇÃO EPISCOPAL
(1868 - 1888)
5. Ordenação Sacerdotal. Secretário de D. Carlo Savio
José Marello foi ordenado sacerdote em 19 de setembro de 1868. Dom Carlo Savio o consagrou e imediatamente o escolheu como seu secretário pela sua amabilidade e prudência.
Foi secretário durante treze anos, isto é, até a morte do bispo em 1881. O Marello teve em Dom Savio um pai, um conselheiro, um modelo de grandes virtudes. Pôde assim, dedicar-se mais profundamente à vida interior. O bispo o quis, além de secretário, seu confessor e por fim seu executor testamentário.
6. Vida Sacerdotal. Provas do espírito
Vivia de verdade o seu sacerdócio. Dele e de seus amigos, que continuavam a ver José Marello como seu animador, dizia-se que eram padres que nunca falavam de dinheiro, mas somente da Igreja, do Papa, das almas.
Desde o seu primeiro ano de sacerdócio, o Marello se empenhou na catequese dos jovens e no apostolado da difusão da boa imprensa; empregou sucessivamente seu tempo na direção espiritual dos seminaristas e das religiosas. A sua direção era ao mesmo tempo forte e suave; dava conselhos sempre apropriados e prudentes; tinha o dom de ler nos corações.
Todavia, parecia-lhe não ter ainda um fundo de virtudes proporcionado ao seu estado (cf. Carta 52) e começou a pensar seriamente se não seria melhor para ele abraçar a vida religiosa (cf. Carta 27).
7. Preparação e participação no Concílio Vaticano I
O Concílio Vaticano I foi convocado pelo Papa Pio IX a 29 de junho de 1868. José Marello e seus amigos sacerdotes o sentiram quase como uma cruzada da Igreja contra o exército aguerrido dos materialistas, dos maçons e anticlericalistas. Para preparar-se organizaram como que uma pré-cruzada de orações, de luta virtuosa, de sensibilização (cf. Cartas 23, 24, 32)
O Concílio foi promulgado a 08 de dezembro de 1869. Estava presente também o Bispo de Asti, acompanhado de seu fiel secretário.
Os atos conciliares mais importantes foram as constituições: “Dei Filius” contra os inimigos da fé, e “Pastor aeternus”, sobre a infalibilidade pontifícia. Com o Concílio, mesmo interrompido por causa das conhecidas lutas políticas que levaram à ocupação de Roma, deu-se a proclamação de São José como Patrono da Igreja Católica (Cf. Carta 62).
O Marello esteve em Roma por oito meses, e levou de lá uma impressão indelével: o seu ânimo, como já pressentia, abriu-se (cf. Cart. 25, 52) a uma visão profundamente católica da Igreja e se colocou com todas as forças à disposição do Papa (Cf. Cartas 61, 64). Além disso, conheceu muito bem a cidade de Roma, tanto que ao falar dela, parecia que fosse ele romano.
Pôs-se também a amar sempre mais São José, em quem já se ia inspirando para o seu sacerdócio (Cf. Cartas 62, 35).
8. A Companhia de São José, promotora dos interesses de Jesus
Em 1872, Pe. José, vendo as grandes necessidades eclesiais de seu tempo, que chamavam com urgência ao apostolado ativo, procurou fundar em Asti uma Companhia de São José que promovesse os interesses de Jesus, na imitação de São José que foi o primeiro sobre a terra a tomar conta d’Ele. A Companhia devia ser aberta a todos, clérigos e leigos; único vínculo a caridade (cf. Carta 76). Organizações semelhantes estavam surgindo em Turim, Florença, Roma, produzindo grandes frutos de bem. A Companhia de Asti ideada pelo Marello não foi além de algumas tentativas: os tempos, e, sobretudo os homens, em Asti, não estavam ainda preparados. A semente, permanecendo sob a terra a germinar, desenvolveu-se mais tarde com a fundação do oratório de São João, por obra de Mons. Marra, auxiliado pelos Oblatos de São José, em 1895.
9. O chamado da Trapa
Em 1873, após a morte do pai, o Marello sentiu reacender-se o desejo de retirar-se do mundo e tornar-se religioso. Pensava em fechar-se para sempre na Trapa, mas antes, quis aconselhar-se com o seu bispo. Recebeu como resposta que Deus queria dele alguma coisa no ministério direto das almas; que rezasse e Deus lhe faria conhecer a sua vontade.
10. A fundação da Congregação dos Oblatos de São José (1878)
Após ter rezado bastante, Pe. José sentiu claramente a inspiração de ocupar-se com uma fundação de irmãos Oblatos que servissem a Deus na imitação de São José. Aconselhou-se com o seu bispo e também com Mons. Luís Anglesio, Superior do Cottolengo de Turim, e ainda com o Pe. Félix Carpignano, Preposto da Congregação do Oratório, todos os quais o encorajaram (Cf. Cartas 94, 95). Pôs, então, mãos à obra, traçando o primeiro esboço de Regra e procurando os indivíduos aptos.
A Congregação dos Oblatos de São José teve início a 14 de março de 1878, em Asti, junto à Obra Pia Michelerio. Os primeiros a ingressar foram: Jorge Medico, 23 anos, de Castel d’Annone; Luís Biamino, 20 anos, de Montemarzo d’Asti; Luís José Rej, 18 anos, de São Damião d’Asti; Vicente Franco, 44 anos, de São Damião d’Asti. Desses, somente Jorge Medico perseverou, tornando-se sacerdote em 1886, e sendo chamado Irmão João.
Os Oblatos eram, então, somente alguns irmãos leigos, sem votos, que viviam silenciosamente operosos e na maior pobreza, ocupando-se das incumbências da casa, do catecismo às crianças e do serviço litúrgico nas paróquias. O Marello providenciava o pagamento de suas pensões, e com freqüentes conferências os formava espiritualmente na imitação das virtudes de São José. O Teólogo Garetti dava-lhes aulas de Catecismo.
As máximas características do Fundador aos seus Oblatos eram estas: “O barulho não faz bem, o bem não faz barulho”, “Fala pouco e trabalha muito”, “Sede Cartuxos em Casa e Apóstolos fora de Casa”.
A 19 de março de 1879 teve-se, pela festa de São José, a primeira vestição. O hábito dos Oblatos era uma batina negra, aberta no peito, com faixa à cintura.
Houve quem pensasse serem os Oblatos criação do Cônego João Cerruti, Diretor do Michelerio, porque este os chamava “os meus Fradinhos” e fazia também a sua vestição. Ao Marello isto não importava, e na sua humildade deixava dizer e fazer. Dom Carlo Savio, por sua vez, deve ser recordado como precioso conselheiro do Marello e também como insigne benfeitor da Congregação.
11. Os Oblatos tornam-se também sacerdotes
Era 1883 os Oblatos considerados idôneos começaram a preparar-se para o sacerdócio. Isto aconteceu porque naquele ano entrou na Congregação o Pe. João Batista Cortona, e tal fato foi interpretado pelo Fundador como um indício divino de que a Congregação deveria também ocupar-se do sagrado ministério à disposição do Bispo.
Pe. Cortona era natural de Gamalero (Alessandria). Agregado ao Michelerio, começou a estudar no seminário e tornou-se sacerdote. No Michelerio conheceu a Congregação e, apenas ordenado sacerdote, pediu para entrar nela. Foi o primeiro sacerdote Oblato. Depois dele chegaram ao sacerdócio Pe. Vicente Baratta (1885), Pe. Jorge Medico (1886), Pe. Henrique Carandino (1888), seguido de tantos outros.
Pe. Cortona passa a ser o braço direito do Marello e foi o primeiro sucessor na direção da Congregação. Foi Pe. Cortona quem levou a Congregação à aprovação diocesana (1901), e em seguida àquela pontifícia (1909); dele ainda, abriu-se o vasto campo dos oratórios e das missões estrangeiras.
12. A Obra de Santa Chiara
Em 1882 Pe. José Marello, juntamente com o Côn. João Maria Sardi, pároco da Catedral de Asti, recebeu do Sr. João Cerrato a Obra dos Pobres Crônicos, que o mesmo senhor não sabia mais como manter. A serviço dos asilados vieram as Irmãs Vicentinas do Cottolengo.
Entrementes, é posta à venda em Asti a grande construção de Santa Chiara, outrora mosteiro de Clarissas, mas confiscado pelo governo Italiano em 1866. O bispo de Asti em 1883 conseguira da Santa Sé a permissão de comprá-lo, obrigando-se a convertê-lo e a mantê-lo numa obra piedosa que o mesmo bispo achasse oportuna estabelecer.
Titulares civis foram os Cônegos J. B. Bertagna, J. N. Sardi, J. Marello, J. B. Bellino. Eles, conquanto fossem os responsáveis frente às leis italianas, estavam obrigados em consciência a operar segundo a vontade da Igreja. Com o consentimento do bispo, reabriu-se ao culto a igreja de Santa Inês, em Santa Chiara, e posteriormente foi transferido para lá o Asilo Cerrato. Surgiu também ali uma pequena escola para vocações pobres e um abrigo para meninos e meninas órfãos. O Marello teve a direção da obra, auxiliado pelos seus Oblatos, que deixaram o Michelerio para estabelecerem-se em Santa Chiara (1884).
13. Encargos confiados ao Marello na Diocese de Asti
Sob o Bispo Dom Carlo Savio, o Marello se tornou cônego honorário da Catedral em 1879, e efetivo em 1880. A partir de 1880 foi confessor dos seminaristas.
Com a morte de Dom Carlo Savio em 1881, sob o sucessor Dom José Ronco, o Marello é eleito Chanceler Episcopal, Secretário do Cabido da Catedral, Coadjutor do Reitor do Seminário, Cônego Arcediago e Examinador do Clero.
14. A Congregação dos Oblatos de São José e Dom Ronco
O Bispo de Asti Dom Ronco, um tanto prevenido contra o seu predecessor e contra tudo aquilo que de alguma maneira dele proviesse, não apoiou particularmente a Congregação, embora aproveitasse largamente o serviço dos Oblatos. Pelo Marello pessoalmente, sempre teve uma altíssima estima, definindo-o “uma jóia de sacerdote”, e propondo-o a Roma para o episcopado. Após a morte de Dom Marello, o Bispo Ronco modificou a sua maneira de tratar a Congregação, da qual se tornou pai e defensor.
15. Virtudes sacerdotais do Marello
Nos vinte anos que o Marello exerceu o seu sacerdócio em Asti foi exemplo para todos de todas as virtudes. Dom Ronco, em uma esplêndida carta recomendatória à Santa Sé, declarava-o um homem prudente, piedoso, zeloso, pleno de caridade, uma jóia de sacerdote envolvida de silenciosa humildade.
Pode-se recordar os muitos que meses substituiu espontaneamente um seu amigo Pe. Egídio Motta, que se tornara cego quase completamente; como ajudava do seu bolso as vocações pobres; como empatou na obra de Santa Chiara todos os seus bens. Estava sempre ocupado de manhã à tarde; dormia sobre um enxergão de folhas; nunca se ouviu que ele dissesse alguma palavra contra a caridade; nunca foi visto perturbado ou alterado, nem mesmo durante as violentas trepidações de um terremoto; suportou com heróica paciência um louco que o atormentava continuamente; rezava como um anjo, e havia quem fosse de propósito à Catedral para edificar-se com a sua oração; foi o primeiro em Asti a promover a “Verdadeira Devoção a Maria Santíssima” segundo a doutrina de Monfort. O povo de Asti o chamava el Canonic brâv, que em dialeto local quer dizer: o Cônego bom.
DA NOMEAÇÃO EPISCOPAL À MORTE
(1888 - 1895)
16. A nomeação a Bispo de Ácqüi. O brasão episcopal
O Marello chegou ao conhecimento de sua nomeação a bispo no dia 23 de novembro de 1888. Estava em seus 44 anos. Como não o esperasse, pensou num primeiro momento em renunciar ao episcopado para se dedicar ao cuidado de seu Instituto, que estando ainda em fase embrional, precisava tanto dele. Tendo-se aconselhado com o Cardeal Gaetano Alimonda, arcebispo de Turim, colocou-se com total abandono na vontade de Deus tão evidente. Escolheu como modelo do seu episcopado o amável e infatigável Bispo de Genebra São Francisco de Sales. O seu brasão episcopal, desenhado por ele mesmo, representa um mar agitado sobre o qual brilha uma estrela com o monograma de Maria (MA); na cartela se lê o lema: “Iter para tutum” (Prepara um caminho para todos).
17. Consagração Episcopal e ingresso na diocese
José Marello foi consagrado bispo a 17 de fevereiro de 1889, em Roma, na Igreja da Imaculada Conceição na Rua Vêneto, pelas mãos do Cardeal Rafael Monaco La Valletta. Ingressou na diocese a 16 junho de 1889, festa da Santíssima Trindade, acolhido por todos com alegria.
18. A Diocese de Ácqüi
A Diocese de Ácqüi se encontra no Piemonte e é sufragânea da Arquidiocese de Turim. Enalteceram-na no tempo com suas virtudes os bispos: São Maggiorino e São Guido, o fundador dos Passionistas São Paulo da Cruz e Santa Maria Domingas Mazzarello, co-fundadora com Dom Bosco das Irmãs de Maria Auxiliadora. A Catedral é dedicada a Nossa Senhora da Assunção. É uma diocese vasta, deslocada em boa parte sobre os montes do Apenino Ligure; nos tempos de Dom Marello contava com 120 paróquias e cerca de 125 mil almas.
19. Estilo e atos de seu governo pastoral
Dom José Marello no governo da sua diocese soube unir suavidade e firmeza. Por isto, o povo e o clero lhe foram sempre unidos e afeiçoadíssimos. Também o seu vigário geral, Mons. José Pagella, tipo forte e autoritário, afeiçoou-se-lhe tão profundamente, que colaborava de bom grado com ele. Na residência episcopal, qualquer um podia aproximar-se dele, a qualquer hora.
No breve período de seu episcopado, seis anos e meio, Dom Marello visitou toda a sua diocese. A visita pastoral teve início no dia 13 de abril de 1890, começando pela cidade de Ácqüi e estendendo-se depois a todos os vicariatos da diocese. O Bispo subiu também até as localidades mais inacessíveis, acolhido por toda parte como um santo. Na aldeia de Ricaldone conquistou de tal maneira os corações que à sua partida, quiseram acompanhá-lo com a banda musical por vários quilômetros, até a aldeia vizinha. Em Cairo Montenotte, aldeia industrial, de marca anticlerical, acolheram-no com alegria tão logo o viram abraçar uma menina do povo. Na aldeia de Morbello ele chegou durante uma forte tempestade, podendo assim levar consolo e resignação àquela população que tinha perdido toda a sua colheita.
Dom Marello escreveu aos seus diocesanos sete cartas pastorais. A primeira é de 1889 e leva a cada um dos seus filhos uma mensagem de paz. Nas outras, anunciava-lhes a próxima visita pastoral (1890), exortava-os à penitência (1891), dava aos pais oportunas normas para a educação dos filhos (1892), chamava a atenção para o respeito humano, exortando a uma franca profissão de fé (1893), tratava o fundamental problema do Catecismo (1894), voltava os ânimos para o empenho missionário (1895).
O Marello assinou também com os bispos do Episcopado Italiano a Carta Circular de 6 de janeiro de 1890 sobre as Obras Pias, e com os bispos das Províncias de Vercelli e Turim a Carta Circular de 14 de junho de 1893 sobre as pregações e a ação social do clero.
Não contente do bem operado na diocese, dispunha-se de boa vontade a ajudar os bispos vizinhos, especialmente Dom Salvaj, já muito ancião.
Além disso, fez-se representar no 1º Congresso Catequético Italiano de Piacenza, promovido por Dom João Batista Scalabrini; em 1891 participou em Roma das Celebrações pelo 3º centenário da morte de São Luís Gonzaga, e foi então que o Papa Leão XIII referiu-se a ele como “uma pérola de bispo”; em 1892 esteve em Gênova para o 1º Congresso Católico Italiano promovido pela Obra dos Congressos; em 1894, enfim, participou do 2º Congresso Eucarístico Italiano, realizado em Turim.
20. Dom Marello e a Congregação dos Oblatos
Embora ocupado como bispo num trabalho múltiplo e absorvente, Dom Marello continuou a seguir vivamente os seus Oblatos. De fato, ele continuou sendo o Superior da Congregação e da Obra de Santa Chiara até a morte. Pe. Cortona nada fazia em Asti sem antes interpelar o Pai em Ácqüi, o qual respondia com cartas freqüentes e paternas e vinha também de vez em quando pessoalmente ter com seus filhos e os convidava para virem junto dele em Ácqüi ou então na residência de verão de Strevi.
Por suas obras, Dom Marello continuou a difundir solicitude e meios; por elas, a fim de salvá-las, ofereceu generosamente também a própria vida quando surgiu a questão da propriedade da Casa de Santa Chiara. A Pequena Casa da Divina Providência de Turim, tendo contribuído para a compra do edifício de Santa Chiara e obtido a cessão das representações civis de três titulares, pensava poder dispor dele como coisa sua.
O Marello, consciente de ser ele o representante do bispo de Asti naquela Obra, defendeu os seus direitos contra as pretensões da Pequena Casa. A questão, surgida em 1893, e penosíssima para o coração do Marello, prolongou-se até a morte dele e mesmo depois; foi remetida à Santa Sé e esta reconheceu que a Obra de Santa Chiara estava na dependência do bispo de Asti. Mons. Rastero, confessor do Marello, disse que o Pai, para salvar a vida dos Oblatos, havia oferecido ao Senhor a sua própria vida. Na espinhosa controvérsia, os Oblatos tiveram um valiosíssimo auxílio por parte de Mons. José Pagella, Vigário Geral do Marello.
21. Os últimos dias e a morte de Dom Marello
Sábado, 25 de maio de 1895: apesar de sentir-se indisposto, parte para Savona para celebrar com os Padres Escolópios o 3º centenário da morte de São Filipe Neri.
Domingo, 26 de maio: celebra a Santa Missa da comunidade, exorta os jovens do Círculo Pio VII a imitar São Filipe Neri na oração e na ação, distribui a Primeira Comunhão aos jovens do Colégio; durante o agradecimento da Missa sofre um desmaio, mas recupera-se logo.
Segunda-feira, 27 de maio: dirige-se ao Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia, e celebra a Santa Missa. Permanece um longo tempo em oração; no paço episcopal de Savona, enquanto espera por Dom Borragini, sofre um outro desmaio; o médico o aconselha a retardar a partida.
Terça-feira, 28 e Quarta-feira, 29 de maio: o enfermo vai melhorando.
Quinta-feira, 30 de maio: nota-se uma recaída e telegrafa-se ao Vigário-Geral Mons. Pagella, que se apressasse até Savona, chegando a tempo de falar com Dom Marello; mas percebe que não há mais esperanças; às 18h30min Dom José Marello, após ter recebido a Unção dos Enfermos, cessa de viver.
22. Funerais e Transladação. Graças atribuídas à intercessão de Dom Marello. Biografias
Sábado, 1º de junho: solenes funerais em Savona e transporte para Ácqüi.
Domingo e segunda-feira, 2 e 3 de junho: a salma permanece em câmara ardente na casa episcopal.
Terça-feira, 4 de junho: funerais celebrados por Dom Re, Bispo de Alba, com grande participação da diocese; sepultamento na tumba dos bispos.
Em junho de 1923 a salma é transportada para a Casa Mãe dos Oblatos de São José em Asti.
Muitas graças ocorreram na ocasião da transladação, por exemplo: Henriqueta Garberoglio, que sofria de esgotamento nervoso, teve cura instantânea ao tocar o caixão quando transitava por Agliano d’Asti. Muitas outras graças atribuídas a Dom Marello têm sido publicadas pela revista Joseph.
De Dom Marello já foram escritas diversas biografias, sendo as principais:
a-) Pe. João Batista Cortona. Breves Memórias da Vida de Dom José Marello. Asti, 1920. Ed. português Curitiba 1987.
b-) F. Berzano. Vita del Servo di Dio Mons. Giuseppe Marello, Vescovo d’Acqui e Fondatore degli Oblati di San Giuseppe. Asti, 1925.
c-) Angelo Rainero. Una Perla di Vescovo. Asti, 1937.
d-) I. Felici. Il Volto e l’anima del Servo di Dio Mons. Giuseppe Marello. In Joseph, 1946.
e-) Mario Pascolo. La bontà ha un nuovo Martire. Asti, 1973.
f-) S. Marquez Zorilla. Vida del Siervo de Dios Monseñor José Marello. Lima, Peru, 1974.
g-) Paul J. Pavese. Venerable Joseph Marello. Asti, 1980.
h-) Giovanni Sisto. Io sottoscritto povero peccatore. Marietti, 1979.
i-) José A. Bertolin. José, Exemplo de Amor e Crescimento. Curitiba, 1984.