Pe. João Batista Cortona – 1º Superior Geral
1) Caridade nos pensamentos e nas palavras (apontamentos de 1923)
Todos sabemos que a virtude da caridade foi aquela que mais Nosso Senhor Jesus Cristo recomendou. Já no Antigo Testamento era prescrito para amar o próximo com a nós mesmos, mas com a chegada do Filho de Deus sobre a terra, levou este preceito à última perfeição dizendo que devemos amar o próximo como Ele nos amou. Conhecendo esta expressa vontade de Deus todos os Santos se distinguiram na caridade, porque, iluminados por Deus sabiam que não Lhe teriam dado maior alegria senão amando aqueles que Ele ama como a pupila dos seus olhos.
Deus que queria glorificar o nosso Venerado Fundador dispôs na sua Providencia que fosse admirável na caridade ao ponto de poder dizer que era um Anjo de caridade.
De fato, os Mestres de Espírito falando da caridade ensinam que é preciso amar os nossos irmãos, “mente, ore, corde et opere” (com o pensamento, com as palavras, com o coração e com as obras).
Antes de qualquer coisa preciso amá-lo com a mente, pois a pessoa humana é feita de forma tal que não pode amar verdadeiramente aquele que não estima; por isso Jesus Cristo, profundo conhecedor do coração humano foi até à raiz do mal quando proibiu todo o julgamento temerário do nosso próximo: “Nolite iudicare” (não julgueis), porque se cuidarmos em não julgar os nossos irmãos estaremos bem longe de criticá-los.
Ora, nisto foi verdadeiramente Mestre do Dom Marello, ele se preocupou de falar sempre bem de todos, e quando na conversação percebia alguém criticando, ele de um jeito sutil e bonito sabia sempre defender a pessoa preocupando-se de dar as razões que podiam levar aquela pessoa de agir daquela maneira; quando depois o fato em si não tinha desculpas, desculpava sempre a intenção: dizia sempre que o que fazia não terá grande repercussão, ou em outros casos recolhia-se em silêncio.
2) Caridade de coração e de obras (Joseph 1923/7)
Nos 17 anos que convivi com amável presença de Dom Marello, tive provas evidentes e constantes que ele tinha um coração sinceramente amante de todas as pessoas com as quais tinha que tratar.
Deus, que queria fazer dele um modelo daquele amor mútuo “dilectio ad invicem”, que recomendou tanto, até chamá-lo o seu mandamento especial e que devia ser como que o distintivo dos seus seguidores, tinha dado a ele um coração muito inclinado ao amor e ao bem.
Vittorio, irmão de Dom Marello, testemunha que desde a adolescência, quando justamente se age mais por inclinação natural que pela razão, o seu José privava-se muitas vezes do café da manhã para partilhar com os pobres, e que tendo inteligência aguda ajudava os seus colegas nas tarefas escolares.
No Seminário, era generoso em ajudar os seus colegas necessitados com a mesada que o pai lhe passava e por isso o pai se queixava com doçura com ele dizendo-lhe: “Zezinho, você me esvazia os bolsos”. Não somente ajudava com dinheiro, mas também com roupas. Às queixas do pai , respondia: “Tu sabes papai, que eu sou o assistente e tenho o dever de pensar àqueles clérigos que são mais necessitados”. Aceitando essas razões, o pai não negava nada ao seu José, que era o seu orgulho.
Dom Marello amou com ternura de filho aquele grande Bispo, que foi Dom Carlo Sávio de quem foi fiel secretário, por três anos, e com a direção espiritual dele fez admiráveis passos no caminho do Senhor. Ainda me parece de vê-lo acompanhar comovido o esquife de sue amantíssimo Bispo no lugar da última morada, beijar mais vezes o caixão e molhá-lo de lágrimas antes de ser colocado no jazido.
Imenso foi também o amor que teve para com o seu irmão Vittorio. Quando ele ficou viúvo da primeira mulher, participou intimamente a sua dor; e quando depois casou-se a segunda vez, participou da sua alegria e para alegrá-lo foi até San Martinho Alfieri para abençoar o matrimonio. Amou também os familiares de Dom Sávio. De fato, certo Corino Giuseppe, testemunhou que seu pai, que tinha sido empregado do mesmo Dom Savio, louvava muitas vezes a bondade do Marello.
Amou também os colegas e os superiores todos do Seminário de Asti, com os quais conviveu por diversos anos. Seja por cartas, como a viva voz interessava-se deles, os convidava a passar alguns dias com ele e lhes demonstrava em tais ocasiões uma grande cordialidade e um intenso afeto.
Não falo do amor aos seus pobres, que chamava os seus tesouros. Nem falo do amor à sua Congregação, sacerdotes, irmãos, seminaristas menores. Como se alegrava quando podia passar alguns momentos com eles! Durante os anos do seu episcopado os convidava na sua estância de Strevi, para juntos passar alguns dias das férias de verão.
Nem menor era a ternura para com os seus diocesanos, especialmente depois o superior do Seminário e os párocos, os escutava amavelmente, partilhava profundamente de suas alegrias e tristezas, falava bem de todos. Os clérigos eram os seus prediletos, os conhecia um a um e tinha se alegrava muito quando se entretinha com eles.
Uma qualidade toda particular tinha o amor de Dom Marello, e era aqui cada uma das pessoas amadas podia pensar de ser a predileta daquele grande coração.
Parece-me por isso, que Dom Marello possa ser justamente considerado como Modelo de amor ao próximo.
Artigo publicado em Marellianum – nº 18,1996.
Tradução Pe. José Antonio Bertolin,osj